segunda-feira, 6 de maio de 2013

A VALSA ESQUECIDA

Por Camila Zoellner


Quando ela sorria, rugas profundas apareciam em sua face
Era evidente a felicidade que seu rosto esboçava quando me via
Nesse momento esquecia todas as dores, como se alguém as arrancasse
Dores nas quais todos os dias de sua vida ela temia

Seus cabelos brancos feito o inverno traiçoeiro
Fazem-me perceber o quão rápida e frágil a vida é
Seus olhos vagos, presos em outro lugar, como um cativeiro
Ela está distante, morando em um passado qualquer

Algumas memórias distorcidas de um clarão desconhecido
Quase ao fim da valsa de sua vida, sobravam uns pedaços de luz
Mas levava consigo um pedaço de cada coração esculpido
Não reconhecia as pessoas que muito amou um dia, essa era sua cruz

Ao contar-lhe sobre a decisão de ser professora, um certo dia
Sorriu e falou "desde menina você gostava de estudar, não é?"
Meus olhos encheram de lágrimas, mistura de dor e alegria
Lembranças do passado, estudando na mesa e tomando o seu café

Queria poder olhar em seus olhos e dizer que tudo dará certo
Como fazia comigo quando eu ralava os meus joelhos de tanto correr e brincar
Mas eu só posso lhe prometer o meu amor, minhas preces e estar sempre por perto
E por mais doloroso que seja o futuro, sou o seu abrigo e irei te refugiar

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